top of page
  • Foto do escritorLuís Gustavo Camargo

Angela Davis: ativista é referência na luta pelos direitos das mulheres e população negra.

Ícone do movimento negro e feminista completa 79 anos hoje.



Nascida em 26 de Janeiro de 1944, na cidade de Birmingham, Angela Yvonne Davis é uma professora e filósofa estadunidense que alcançou maior visibilidade no Partido Comunista dos Estados Unidos. Porém, desde muito nova, ficou cara a cara com o racismo quando viu ações brutais da Ku Klux Klan, organização que promove atos terroristas contra pessoas negras e defende o supremacismo branco. Sendo assim, não permite que a população negra tenha o reconhecimento de seus direitos civis.


Angela Davis é filha de Sally e Frank Davis e cresceu em uma família politicamente ativa no período de vigência de leis de segregação.

Com pais professores, participava de movimentos como a Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP), influente instituição a favor de direitos civis de negros nos Estados Unidos, sendo fundada em 1906 por um grupo de ativistas chamados "The Call" (em português, "A Chamada" ou "O Chamado").


Na adolescência, a filósofa organizou um grupo de estudo sobre as questões raciais, sendo após descoberto e perseguido pela Polícia.


Mudou para o Estado de Massachussets para estudar na Universidade de Brandeis, no norte dos Estados Unidos, onde não havia políticas de segregação racial.

Tornou-se militante do partido comunista e participante dos movimentos negros e feministas na década de 1960. Segundo ela, "tornar-se comunista é assumir um compromisso vitalício que exige muita reflexão séria a respeito de se possuir o conhecimento, a força, a perseverança e a disciplina que uma pessoa comunista precisa ter". Em 1969, Angela foi demitida da Universidade da Califórnia, onde lecionava Filosofia, devido às suas ligações com os Panteras Negras e o partido Comunista.


A prisão



Um ano depois, ao acompanhar um julgamento de membros do movimento como representante dos Panteras Negras, Jonathan Jackson, irmão de um dos rapazes presos, invadiu o tribunal com porte de armas e sequestrou os jurados, promotor e juiz. Como consequência, houve um tiroteio e o juiz foi morto.


A arma estava registrada no nome da filósofa e, com isso, o nome de Angela começou a integrar o nome das pessoas mais procuradas pelo FBI, e permaneceu foragida até outubro do mesmo ano e seu julgamento durou 18 meses para até então, comprovarem sua inocência.


A comoção em relação a sua libertação foi tão alta que John Lennon e Yoko Ono compuseram uma música intitulada de seu nome. Já os Rolling Stones, compuseram "Sweet Black Angel", pedindo a libertação de Angela.



Após sua libertação, a ativista se candidatou durante dois anos para a vice-presidência dos Estados Unidos junto com Gus Hall, secretário geral do Partido Comunista e líder trabalhista com a principal ideia do fim do cumprimento de penas em presídios pois acredita que os presídios norte-americanos tornaram-se um verdadeiro cárcere para negros e latinos.


Atualmente



No final de 2022, Angela Davis concedeu uma entrevista ao Fantástico, programa dominical da Rede Globo, em que alertou sobre como o racismo pode mudar ao longo da história.


"O racismo é mutável e se expressa de várias maneiras. Durante décadas, muitos de nós argumentamos que o racismo é principalmente institucional, estrutural e sistêmico, e não simplesmente as atitudes de indivíduos. E durante a pandemia do Covid, vimos um número desproporcional de negros e indígenas morrendo por causa do racismo no sistema de saúde. Também testemunhamos os assassinatos de George Floyd e Breonna Taylor. E as pessoas, eu acho, começaram a fazer a conexão entre essas instituições sociais que são racismo e assistência médica, racismo e policiamento, racismo e prisão", disse.


"Eu não acho que continuaria envolvida nessas lutas se sentisse que não estou fazendo nenhuma diferença. E assim, me mantenho esperançosa. Mas como Mariame Kaba, uma incrível ativista negra abolicionista daqui dos Estados Unidos, disse 'a esperança é uma disciplina'. A esperança não é simplesmente algo que podemos pegar ou largar. É algo que temos que gerar. E graças às lutas negras nas Américas, em todas as Américas, nos últimos 400 anos — em um contexto em que havia a pior forma de repressão e violência racista — a esperança foi gerada, regenerada e recriada", completou Angela.


Obras


Créditos de imagem: Boitempo Editorial

Dentre as diversas obras publicadas, apenas 5 estão traduzidas para o português. São elas: "Mulheres, Raça e Classe", publicado em 2016; "Mulheres, Cultura e Política", publicado em 2017; "A liberdade é uma luta constante", publicado em 2018; "Estarão As Prisões Obsoletas?", publicado em 2018 e "Angela Davis: Uma autobiografia", publicado em 2019


No Brasil


Créditos de imagem: Pamela Oliveira

No ano de 2019, Angela passou pelo Brasil e realizou um seminário intitulado "Democracia em Colapso?", promovido pelo Sesc São Paulo e no Rio de Janeiro, realizou uma conferência e recebeu a Medalha Tiradentes, concedida pela Assembleia Legislativa de São Paulo e intermediada por Renata Souza, do partido PSOL. Em sua presença no Brasil, a filósofa criticou a democracia brasileira.


"A democracia, nos Estados Unidos como no Brasil, é uma democracia racista porque exclui os negros, é misógina porque exclui as mulheres, é elitista porque exclui os pobres, inclusive homens brancos, e é excludente também com as pessoas com deficiência", afirmou. "A democracia que virá terá de corrigir tudo isso", completa.


Segundo o Jornal Carta Capital, a filósofa disse que o Brasil ainda lhe desperta "esperança", e não era o contexto do Brasil de Bolsonaro que muda a ideia da ativista. "Há uma vibração, um pulso coletivo nos jovens, principalmente nas mulheres negras e jovens, que é muito grande", ressaltou.



Posts recentes

Ver tudo

Komentáře


bottom of page