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  • Foto do escritorHellica Miranda

Dia do Jornalista: conheça Nísia Floresta

A primeira educadora feminista no Brasil foi também jornalista e poeta, além de grande ativista.






Disruptiva


Nascida em 12 de outubro de 1810, Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo da potiguar Dionísia Gonçalves Pinto, deu o nome à sua cidade natal — anteriormente chamada Papari —, o que já demonstra sua grande importância e o impacto de seus feitos sobre a sociedade.


Estima-se que o trecho onde se localizava a fazenda de sua família, chamada "Floresta", seja hoje ocupada por dois municípios no Rio Grande do Norte. Filha de um advogado português e de uma herdeira de família tradicional no Brasil, acompanhou um período de grandes agitações políticas e sociais no país. Devido à origem de seu pai e às crescentes perseguições antilusitanas, vivia em constante mudança com a família, o que levou a jovem Dionísia a ter contato com diversas culturas em solo brasileiro, sobretudo no nordeste.


Estudando em um convento das carmelitas, Nísia estudava, além das temáticas clássicas e o canto, os livros da biblioteca que continham aspectos do liberalismo advindo da Europa. Mas, aos 13 anos, seguindo as tradições da época, Nísia se casou, mas o matrimônio logo foi rompido, e a jovem voltou ao lar dos pais sob intenso julgamento da sociedade.


Aos 18 anos, perdeu o pai, assassinado por atuar contra uma poderosa família da elite pernambucana, e conheceu um acadêmico da Faculdade de Direito de Olinda, Manuel Augusto de Faria Rocha, com quem passou a se relacionar mesmo perante as denúncias de adultério feitas por seu marido. Em 1830, Nísia tornou-se mãe de uma menina, Lívia Augusta de Faria Rocha e, no ano seguinte, de um menino, que faleceu ainda pequeno.


Literária e Revolucionária


Em 1831, aos 21 anos, Nísia fez suas primeiras publicações impressas, no jornal Espelho das Brasileiras. Seus escritos falavam sobre a condição da mulher na sociedade, e fizeram dela uma das pioneiras do jornalismo no país.


Em menos de um ano, Dionísia Gonçalves Pinto renascia como Nísia Floresta Brasileira Augusta, uma homenagem à fazenda onde nasceu (Floresta), ao orgulho de seu país (Brasileira) e ao seu grande amor (Augusta), para a publicação de seu primeiro livro, Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens, considerado por uns como uma tradução de "Woman Not Inferior to Men", obra assinada por uma autora identificada apenas como Sophia, mas que ainda deu a Nísia o título de pioneira no movimento feminista brasileiro.



Créditos de imagem: Cortez Editora (Divulgação)

Como presente à sua filha, que celebrava 12 anos, Nísia escreveu Conselhos à Minha Filha, seu segundo livro, obra em formato de prosa moralista, escrito fortemente ligado à educação, cujo objetivo era transmitir ensinamentos a partir de modelos de conduta considerados ideologicamente positivos, mas também exemplificando comportamentos que não seriam benéficos à sociedade como um todo.


A questão da educação passou a dominar sua obra literária, mas sem nunca abandonar os conceitos da luta por igualdade de gênero. No entanto, boa parte dos escritos de Nísia nos anos seguintes acabou se perdendo, deixando menos produções literárias do que o esperado — e desejado.


Em 1851, o jornal carioca O Liberal publicou mais uma obra revolucionária feminista de Nísia, uma série de artigos que ganhou o nome de A Emancipação da Mulher, que versavam, sobretudo, a respeito da importância da educação chegar às mulheres. Em dois anos, a autora voltaria a tocar em questões contemporâneas, como a importância do aleitamento materno e, frente às condições da época, criticava o tratamento dado às amas de leite. Em Opúsculo Humanitário, Nísia também expunha pensamentos positivistas de Auguste Comte, de quem foi aluna e amiga pessoal.



"Flutuando como barco sem rumo ao sabor do vento neste mar borrascoso que se chama mundo, a mulher foi até aqui conduzida segundo o egoísmo, o interesse pessoal, predominante nos homens de todas as nações"

Trecho de Um passeio no jardim de Luxemburgo.



A autora tratou de diversas temáticas em sua carreira literária, poética e jornalística, transitando pela abolição, direitos indígenas e sufrágio. Contudo, o tema mais debatido e repercutido foi, sem dúvidas, a educação e emancipação feminina. Na época, a educação era negada às mulheres por ser considerada desnecessária, mas Nísia Floresta acreditava que o conhecimento era sinônimo de liberdade.


Seu legado tornou-se imortal, e uma marca disso é a mudança de nome de sua cidade natal — aqui já citada — em sua homenagem, em 1948. No município de Nísia Floresta, as escolas incluem o ensino de sua história aos alunos e, em 2012, um museu com atividades artísticas e culturais para os visitantes.


Ainda que Nísia não tenha produzido, diretamente, reportagens de eventos e acontecimentos de sua época, sua contribuição com diversos jornais no Brasil e no mundo fizeram dela um grande nome do jornalismo no país, muitas vezes eclipsado por sua obra literária e poética, que não são, de modo algum, fatores para afastá-la do ofício que tem por missão dar voz à realidade, tarefa que realizou durante toda sua vida.







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