top of page
  • Foto do escritorDe Mulher Para o Mundo

Pioneira do cinema: Cléo de Verberena

Considerada a primeira brasileira a dirigir um filme, a paulista foi também atriz e produtora.



Efervescente


Jacyra Martins da Silveira, conhecida por seu nome artístico "Cléo de Verberena", nasceu em 26 de junho de 1904, no município paulista de Amparo, de onde se mudou ainda adolescente, após a morte do pai.


Na capital, nos anos 1920, apaixonou-se ainda mais pelo cinema e pelas artes dramáticas, tornando-se especialmente fã da atriz sueca Greta Garbo, conhecida por uma filmografia de sucesso que conta com o filme 'Camille', de 1936.


A cidade de São Paulo, à época, já contava com notável quantidade de cinemas, teatros e livrarias, marcando um cenário de efervescência cultural propício ao desenvolvimento das paixões de Cléo — ainda Jacyra —, que gostava de assistir filmes e pensar "no cérebro" que juntava todas as peças, além de analisar a técnica das produções.


Foi na capital paulista que ela conheceu César Melani, filho de fazendeiros de Franca que estava na capital para cursar medicina — plano do qual acabou por desistir antes de tentar carreira nos negócios e depois, finalmente, partir para sua paixão pelo cinema —, por quem se apaixonou e com quem, após 7 anos de casamento, fundou um estúdio no bairro de Santa Cecília, o EPICA FILM, que tinha seu escritório localizado na Praça da Sé.


Cléo e o marido, César.

A partir daí, Jacyra tornou-se, de fato, Cléo de Verberena, e o marido, César, adotou o nome artístico de Laes Mac Reni, um anagrama de seu verdadeiro nome.


O mistério do dominó preto


Filmagens de O mistério do dominó preto, em 1930

O primeiro e único filme produzido pela EPICA foi 'O mistério do dominó preto' (também escrito como 'O mysterio do dominó preto'), baseado na obra de Martinho Correa, pseudônimo de Aristides Rabello.


Na produção, Cléo ocupou as principais posições, sendo atriz, produtora e diretora, acompanhada pelo marido, que também atuou no filme.


O filme foi amplamente divulgado durante sua produção, principalmente na revista Cinearte, que buscava fortalecer o cinema brasileiro. Entre 1930 e 1931, muitas imagens de Verberena e stills do filme foram publicados na revista. E, em maio de 1930, um artigo celebrava o pioneirismo de Cléo de Verberena como a primeira cineasta brasileira.


Na época, para a materialização dos filmes, eram utilizadas películas em nitrato, de material inflamável e árdua manutenção. Além disso, 'O Mistério do Dominó Preto' foi produzido em uma única cópia material e, pelo que se sabe até hoje, foi completamente perdido no tempo.


Créditos de imagem: Ministério da Cultura

Entretanto, sabe-se que a obra se passava durante o carnaval, quando o estudante de medicina Marcos encontrava, no quarto que dividia com o colega Virgílio, o cadáver de uma jovem no guarda-roupa.


O restante da história só é possível saber graças à publicação de um resumo da obra na revista Cinearte: o jovem Marcos acaba por acusar o colega pelo crime, e Virgílio decide explicar a situação: o cadáver pertence a Cleo, esposa de um comendador. Virgílio se deparara com a jovem no desfile de carnaval, quando ela o chamara ao seu carro e lhe contara ter sido envenenada.


Embora tenha tentado salvá-la, Virgílio pôde apenas ouvir a história do envenenamento: o autor era Renato, amante de Cleo. Na ocasião, ambos usavam fantasias de dominó preto, com o rosto do amante coberto por uma máscara.


Perante a incredulidade de Marcos, Virgílio lhe confessa conhecer Cleo há algum tempo e que, além disso, mantivera com ela um curto romance. É a partir daí que os dois estudantes decidem procurar por Renato, o amante e suposto assassino de Cleo.


Virgílio consegue aproximar-se do Tenente Renato, que confirma um relacionamento com a morta e diz que solucionará o caso. Pouco depois, sua noiva, Alice, confessa que matou Cleo, mas o tenente tenta assumir o crime.


No dia seguinte, Marcos e Vírgilio procuram por notícias nos jornais. É então que descobrem o verdadeiro assassino: Julio, o irmão de Alice, que escrevera uma carta de confissão antes de suicidar-se.


Créditos de imagem: Jornal Folha de S.Paulo

O filme foi bem recebido pela crítica e pela mídia, mas foi, infelizmente, o primeiro e único filme no qual Cléo apareceu, embora tenha participado, nos anos 1930, de alguns outros, dos quais suas cenas acabaram por serem cortadas.


A versão de 'O Mistério do Dominó Preto' de Cléo difere da original, de Aristides Rabello. Na versão da cineasta, a protagonista da história tem um nome, o que não acontece na original. Sua adaptação também se destaca por tornar a protagonista mais independente e dar a ela um histórico amoroso mais vasto, parte de seus esforços por tornar a obra menos moralista, além de respeitar o fim da protagonista que, nas versões de Rabello, tem seu corpo jogado ao mar ou em um terreno baldio. Na versão de Cléo de Verberena, Cleo é enterrada.



Grande história resumida


Créditos de imagem: Revista Cinearte


Ainda que se destaque por seu pioneirismo, detalhes da vida de Cléo de Verberena são escassos. Tudo o que se sabe, além do já citado, é que, após o falecimento de seu marido, César, casou-se novamente e abandonou as artes cênicas, mudando com o novo marido, o cônsul chileno Francisco Landestoy Saint Jean para a Inglaterra e, depois, para o Chile.


Cléo foi mãe de um único filho, de seu casamento com César, César Augusto, com quem se mudou para São Paulo após a morte do segundo marido, em 1953.


A artista faleceu em 6 de outubro de 1972, aos 63 anos, em São Paulo. O livro "Cleo de Verberena e O Mysterio do Dominó Preto" foi a única obra escrita pela artista pioneira, e publicado em 2021 pela Editora Giostri.







53 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

コメント


bottom of page