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  • Foto do escritorRafaela Maciel

Resenha Tardia: As Sufragistas

Em 1912, mulheres pediam incansavelmente nas ruas pelo direito ao voto. Essa parte fundamental da luta feminina é muito bem representada no filme 'As Sufragistas'.


Créditos de imagem: Universal Pictures (Divulgação)

Maud Watts (Carey Mulligan) é uma mulher trabalhadora, que cuida de seu filho e marido e ajuda no sustento da casa com seu emprego de lavadeira. Nunca se envolveu em nenhum tipo de atrito e, mesmo sofrendo abuso sexual de seu patrão no trabalho, se mantendo firme e quieta, obedecendo seu marido e as normas da sociedade do século XX.

 


Violet Miller (Anne-Marie Duf) também trabalha como lavadeira e sofre muitos abusos físicos em casa. No entanto, diferente de Maud, Violet sempre foi engajada na luta das mulheres e participa do movimento das sufragistas, que pede o direito ao voto feminino.


Edith Ellyn (Helena Bonham Carter) aspirava ser médica. No entanto, foi proibida pelo pai de seguir a profissão, considerada imprópria para mulheres. Edith é uma das cabeças do movimento sufragista, e seu marido apoia sua luta, mas se preocupava com o estado de saúde de sua esposa. Ela trabalha com seu marido na loja de químicos (hoje conhecida como farmácia) e costuma atender mulheres e crianças pobres.


Créditos de imagem: Universal Pictures (Reprodução)

Emily Davison (Natalie Press) é um nome real e conhecido. A personagem foi inspirada na própria Emily, que deu sua vida pela causa. A sufragista era engajada na causa e sempre estava envolvida nos planos do grupo.

 

A história do filme é contada a partir da perspectiva de Maud, quando a lavadeira, de 24 anos, encontra seu patrão e antigo abusador assediando e molestando a filha de Violet, se recorda de todos os abusos que ela mesma sofreu e, então, decide ir até uma reunião das sufragistas. No começo, apenas para ouvir. No entanto, ela acaba se envolvendo completamente com os ideais das mulheres e isso resulta em sua primeira prisão.


Créditos de imagem: Universal Pictures (Reprodução)

Maud sofre por não voltar a tempo para casa e se culpa por não cuidar de seu marido e filho. Mesmo assim, não consegue se desvencilhar completamente da causa sufragista, e esse novo ideal afeta seu casamento. Seu marido fica horrorizado com o comportamento de sua esposa, que antes era quieta e obediente. Com mais uma prisão de Maud, ele a proíbe de voltar para casa ou de ver o filho novamente. Infelizmente, a lei vigente da época dava ao pai todo o direito sobre a criança, deixando a mãe refém das vontades do homem.

 

Longe de sua casa e sem poder ver seu filho, Maud começa a depender da caridade de suas companheiras e da igreja, que passa a ser seu lar. Cada vez mais amargurada com a injustiça de que as mulheres eram vítimas, a jovem passa a defender com mais afinco os projetos rebeldes de suas amigas.


Créditos de imagem: Universal Pictures (Reprodução)

Em uma de suas prisões, o delegado responsável por parar as ações do grupo tenta convencê-la a ser uma espiã, prometendo mantê-la longe de problemas, mas sua oferta é rechaçada. Maud diz que jamais trairia as sufragistas, pois é uma delas e, se o mundo não é justo, elas irão mudá-lo.

 

Acompanhando a trajetória de Maud, Violet, Emily e Edith, podemos sentir o quão difícil foi a conquista dos direitos femininos mais básicos, que não vieram de maneira fácil, apenas porque decidiram que era o justo a se fazer. Maud, uma mãe jovem, lavadeira, trabalhava o dobro dos homens e ganhava a metade. Foi abusada quando criança por seu empregador. Aos 24 anos, tinha a responsabilidade de cumprir a jornada de trabalho exaustiva, cuidar de seu filho, manter sua casa em ordem, dar seu salário para o seu marido e ser extremamente dócil, comportada e submissa, nunca falando sobre os abusos que sofreu.

 

Violet, constantemente violentada por seu marido, sofreu tantas agressões que não pôde discursar sobre o direito da mulher ao voto. Sua filha é vítima de abuso constante e ela mesma não podia fazer nada. Edith, inteligente, tinha como vocação a medicina, mas foi impedida pelo pai.

 

Em uma cena, durante a prisão do grupo de mulheres, o marido de uma delas assina para que seja liberada. No entanto, mesmo com a esposa pedindo e implorando, o marido não assina para as outras mulheres. É chocante principalmente quando ela diz: “Por favor, é o meu dinheiro, é o meu dinheiro! Eu só preciso que você assine”. E ele se nega, ainda a arrastando de lá pelos pulsos, gritando que ela deve parar de envergonhá-lo. O controle era tão grande que ela era impedida de decidir o que faria com seu próprio dinheiro e sua assinatura não serviria para nada.

 

O fato de que a mulher podia trabalhar não a fazia menos que uma posse. Seu trabalho era para o sustento de sua casa, seu dinheiro para o marido e, ainda assim, precisava manter os olhos atentos para sua casa. A lei não a protegia. A mulher poderia ser espancada (ato que era visto como uma correção saudável), expulsa de sua casa, afastada do convívio com os próprios filhos. Sem direito nenhum, a nada.

 

E é por essa razão que esse filme se faz tão necessário: a realidade retratada por grandes nomes mostra como a causa das sufragistas foi extremamente importante. Em uma sociedade moderna em que a mulher que se declara “feminista” ainda é atacada por pregar igualdade e direitos básicos, se vê que a luta está longe de acabar.

 

A maneira sensível de contar a história, com uma excelente fotografia e grandes nomes como Helena Bonham Carter e Meryl Streep (que interpreta a histórica ativista sufragista Emmeline Pankhurst) fazem da narrativa sufragista ainda mais tocante para o público.

 

O filme está disponível no Telecine (Globoplay + Telecine).


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