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Madam C. J. Walker: a primeira mulher milionária dos Estados Unidos

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    De Mulher Para o Mundo
  • há 3 dias
  • 4 min de leitura

Madam C. J. Walker foi um símbolo de superação, inovação e empoderamento feminino



Madam C. J. Walker nasceu em 23 de dezembro de 1867 e foi a primeira mulher de sua família a nascer livre após a abolição da escravidão.


Filha de ex-escravizados, Owen e Minerva Breedlove, era a caçula de seis irmãos. Sua infância foi marcada por tragédias: perdeu a mãe aos cinco anos, vítima de cólera, e o pai no ano seguinte.


Órfã aos sete anos, mudou-se para Vicksburg, Mississippi, para viver com a irmã mais velha e o cunhado. Começou a trabalhar ainda criança como empregada doméstica.


Teve apenas três meses de educação, aprendendo a ler em aulas da escola dominical da igreja. Cresceu em um contexto de extrema pobreza e exclusão social e, mesmo assim, formou uma história de superação.


Casamento e vida profissional



Em 1888, Sarah mudou-se para St. Louis, Missouri, com sua filha, em busca de melhores oportunidades e passou a trabalhar como lavadeira, ganhando pouco mais de um dólar por dia. No entanto, muitas mulheres negras da época, sofriam com problemas severos no couro cabeludo, incluindo caspa e queda de cabelo. Essas condições eram agravadas por produtos agressivos, como sabonetes com lixívia usados para lavar roupas e também os cabelos.


A dieta precária, doenças frequentes e a falta de infraestrutura, como por exemplo: encanamento, aquecimento e eletricidade pioravam ainda mais o quadro. Anos mais tarde, ela usou conhecimento para criar produtos que revolucionariam a beleza negra nos Estados Unidos.


Aos 14 anos, Sarah Breedlove casou-se com Moses McWilliams para escapar dos abusos do cunhado. Com ele, teve sua única filha, A’Lelia Walker, mas ficou viúva aos 20 anos. Após um segundo casamento fracassado, mudou-se para Denver em 1905, iniciando uma nova fase da vida.


Em 1906, casou-se com Charles Joseph Walker, de quem adotou o nome que a tornaria famosa: Madam C. J. Walker. Seis anos depois, se separaram porém o nome e o legado permaneceram também adotados por sua filha, A’Lelia Walker iniciou sua carreira aprendendo cuidados capilares com seus irmãos barbeiros em St. Louis. Inicialmente, trabalhou como representante da Poro Company, empresa da pioneira Annie Malone, e em 1905, mudou-se para Denver e começou a desenvolver sua própria linha de produtos. Após se casar com Charles Walker, adotou o nome profissional que consolidaria sua marca.


Em 1906, Walker estruturou sua operação comercial, colocando a filha A’Lelia à frente do atendimento por correspondência. Dois anos depois, fundou o LeliaCollege, escola especializada na formação de profissionais, treinando mulheres para a venda e aplicação dos seus produtos. Expandiu seus negócios para Pittsburgh e Indianápolis, onde estabeleceu sede com fábrica, salão e laboratório, formando uma equipe predominantemente feminina e promovendo o empreendedorismo entre suas agentes.


O “Sistema Walker”, composto por shampoos, pomadas e técnicas específicas, prometia revitalizar a saúde capilar das mulheres negras, atendendo a uma demanda até então negligenciada pelo mercado. Até 1917, cerca de 20 mil vendedoras treinadas por Walker atuavam em todo o país e no Caribe, impulsionadas por campanhas publicitárias vigorosas que consolidaram sua imagem e marca. Nesse ano, fundou a Associação Nacional de Culturistas de Beleza, reunindo suas agentes em uma das primeiras conferências nacionais de mulheres empresárias.



Além de empresária visionária, Walker tornou-se símbolo de ascensão social e independência. Conhecida por dirigir seus próprios automóveis, como o sofisticado Waverly elétrico, ela transformou sua experiência pessoal em uma plataforma que empoderou milhares de mulheres negras, promovendo autonomia financeira e colocando a beleza como ferramenta de poder e transformação social.

 

Falecimento


Madam C. J. Walker faleceu em 25 de maio de 1919, aos 51 anos, vítima de insuficiência renal e complicações da hipertensão. Foi enterrada no cemitério de Woodlawn, no Bronx em Nova York. Sua mansão em Irvington, avaliada em US$ 250 mil, tornou-se símbolo do seu sucesso pioneiro, enquanto sua filha, A’Lelia, assumiu a liderança da Madam C. J. Walker Manufacturing Company, perpetuando a influência da família no mercado.


O impacto de Walker permanece vivo em marcos históricos como o Madame Walker Theatre Center, em Indianápolis, antiga sede da empresa, e a Villa Lewaro, em Nova York, considerada um tesouro nacional e ponto de referência da cultura afro-americana. Sua trajetória inspirou a dramaturgia em 2006, com a peça “Os Sonhos de Sarah Breedlove”, que reviveu sua luta e conquista nos palcos.


Em 2016, a colaboração entre a Sundial Brands e a Sephora trouxe de volta a essência de Walker ao mercado, com uma linha de produtos naturais voltada para cabelos afro, reafirmando seu papel como ícone de empreendedorismo e empoderamento feminino negro.

 


A vida e a história de Madam C. J. Walker



Baseada no livro ‘On Her Own Ground’, de A’Lelia Bundles, a produção da Netflix retrata a trajetória de Sarah Breedlove destacando a determinação de Walker em criar produtos específicos para mulheres negras, enfrentando rivalidades e preconceitos no início do século XX. A atriz Octavia Spencer assume o papel principal com uma atuação marcante, equilibrando força e sensibilidade para dar vida a uma empreendedora visionária.


Além do empreendedorismo, Self Made aborda temas essenciais como racismo, ativismo social e a luta por independência econômica feminina, especialmente no contexto da comunidade negra. Com direção cuidadosa, figurinos e cenários que recriam com precisão a época, a série apresenta uma narrativa inspiradora de coragem e inovação.



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