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  • Foto do escritorDe Mulher Para o Mundo

A mãe da Criatura: Mary Shelley, a criadora de Frankenstein

Filha de uma feminista e um filósofo, a autora de Frankenstein desafiou costumes do século XIX, consagrando-se como mãe da ficção científica.



Primeiras influências

A futura escritora nasceu em 1797, em Londres, filha de uma famosa feminista e autora do livro ‘Reivindicação dos Direitos da Mulher’, lançado em 1792. Além da influência direta do legado de sua mãe, Mary também foi educada por seu pai — William Godwin — amante da cultura, que a incentivava a escrever. Seu pai deu à filha uma educação informal, pautada em seu posicionamento político liberal.


Sua mãe, Mary Wollstonecraft, morreu cedo, e a garota foi criada por seu pai e madrasta.


Um dia, conheceu Percy Shelley, o amor de toda uma vida, porém um homem já casado e pai de uma filha. Ele era seguidor político de William Godwin, romancista e poeta, um homem sensível para a época.


Mary fugiu com Percy e levou sua meia irmã Claire Clairmont junto, o que causou um forte escândalo e fez com que seu pai passasse anos sem falar com a filha.


O luto que faz nascer Frankenstein

A esposa de Percy Harriet se suicidou em 1816, deixando o escritor viúvo e livre para se casar novamente. Foi nesse mesmo ano que a autora adotou o sobrenome Shelley.


Mary deu à luz uma filha que não sobreviveu aos primeiros meses de vida e os pais, em luto, preferiram passar o verão na companhia de amigos e se instalaram na casa de Lord Byron, amigo íntimo do casal.


Foi nesse verão, com uma disputa entre os amigos, que Mary começou a escrever sobre “o Prometeu moderno”. Inicialmente, apenas para brincar com os amigos: vencia o jogo quem escrevesse a melhor história de terror. No entanto, Frankenstein criou vida na imaginação da autora e se tornou cada vez maior.


Frankenstein (1931)

 

Enquanto andavam pela Europa, Mary sofreu mais dois abortos. Seu único e último filho vivo, Percy Florence, nasceu pouco tempo depois.


Em 1822 seu marido morreu vítima de afogamento na Baía de La Spezia, e a viúva passou, então, a se dedicar à educação de seu filho e a seus livros.


Sucesso e descrença

A história de um cientista louco que dava vida a uma criatura feita de restos humanos mexeu com toda uma época. O monstro e sua criatura não foram bem recebidos pela crítica, que também não aprovava ou acreditava que uma mulher teria capacidade para pensamentos tão “sombrios” ou mesmo inteligência para um texto sensível. No entanto, o público se apaixonou pelo livro: todos se encantavam com a nova história de ficção científica.



Mary foi hostilizada durante boa parte de sua vida, sendo perseguida por ter se apaixonado por um homem casado e desacreditada por seu enorme talento para a escrita por ser mulher. Sofreu a perda da mãe ainda menina, a decepção de seu pai quando moça e o luto por seus filhos mortos. Viveu um grande amor e escreveu uma das histórias mais marcantes da literatura, sendo conhecida até hoje como mãe da ficção científica.


Mary Shelley, filha de um filósofo que apoiava a política liberal e de uma feminista assumida, foi uma exceção à regra por toda a sua vida, perpetuando seu nome por séculos.

 

Adaptações

Suas obras são estudadas até hoje, com Frankenstein, o Prometeu moderno, sendo destaque. A história da escritora ganhou uma nova narrativa com o filme Mary Shelley, que pode ser assistido no streaming da Netflix.


Créditos de imagem: IFC Films

Seu personagem ganhou diversos filmes e séries, como ‘Frankenstein’, de 1910 e sua remontagem homônima de 1931, ‘A Noiva de Frankenstein’, de 1935, ‘O Filho de Frankenstein’, de 1939, ‘Frankenstein de Mary Shelley’, de 1994 e muitos outros.



Frankenstein (1910); Frankenstein (1931); A Noiva de Frankenstein (1935); O Filho de Frankenstein (1939); Frankenstein de Mary Shelley (1994) e Victor Frankenstein (2015).



O personagem acabou tornando-se inspiração para produtos infantis como ‘Hotel Transilvânia’, ‘Frankenweenie’, ‘Monster High’ (com a personagem Frankie Stein) e até o gibi brasileiro Turma da Mônica, além de ter inspirado o filme ‘Edward Mãos de Tesoura’, sucesso de 1990.



Hotel Transilvânia (2012); Frankenweenie (2012); Turma da Mônica: Bruxarias de Aniversário (2011)


No carnaval de 2018, Frankenstein teve seus 200 anos celebrados no enredo “Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu”, da escola de samba Beija-Flor, que venceu a competição.


Créditos de imagem: Luís Pimenta

Sucesso absoluto, Mary Shelley é um ícone no gênero ficção científica.


Despedida

Desde os 42 anos, Mary enfrentava frequentes dores de cabeça que lhe causavam paralisia em partes do corpo e a impediam de ler e escrever. 11 anos depois, a escritora faleceu sob a suspeita de um tumor cerebral.


Seu filho, Percy, e sua nora, Jane, seguiram seu desejo de ser enterrada junto aos pais. Mas, para isso, foi necessário que William e Mary fossem exumados e movidos para outro cemitério.


No aniversário de um ano de sua morte, os Shelleys abriram sua escrivaninha e, dentro dela, encontraram mechas de cabelos de seus filhos mortos, um caderno que ela compartilhava com Percy Bysshe Shelley, e uma cópia de seu poema Adonais.


A autora de Frankenstein, Mathilda, Valperga, O Último Homem e outras obras descansa em um cemitério em Bournemouth, Inglaterra.

 


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