Surpreendendo a todos, a treinadora foi contratada após a Copa do Mundo 2019.
Após a Copa do Mundo de 2019, realizada na França, em que o Brasil foi eliminado nas oitavas de final pelas donas da casa, a CBF optou pela demissão do treinador Vadão, que comandava a equipe desde 2017. O nome do substituto permanecia em sigilo. No entanto, quem analisava e acompanhava o futebol feminino imaginava que quem ocuparia esse cargo seria o então técnico do Corinthians, Arthur Elias. Entretanto, em 22 de julho de 2019, a sueca Pia Sudhange foi anunciada como treinadora da Seleção Brasileira Feminina.
Bicampeã olímpica com os Estados Unidos, Pia estava comandando a seleção sub-17 de seu país quando recebeu o convite para liderar o projeto de renovação e consolidação da modalidade no Brasil pós-Copa do Mundo. A treinadora é a segunda mulher e a primeira estrangeira a ocupar o cargo.
Carreira como jogadora
Pia nasceu em 13 de fevereiro de 1960. Ainda criança, se rebatizou como Pelé, para poder participar de um torneio de futebol de sua cidade. Com a verdadeira identidade, começou a jogar profissionalmente em 1978. Aos 15 anos, quando ainda era das categorias de base do IFK Ulricehamn, teve sua primeira experiência na Seleção principal. Aos 21, era bicampeã sueca, com direito a título da Copa da Suécia no mesmo ano. Dominou o cenário doméstico até 1985, quando se transferiu para o Lazio, da Itália.
Na Eurocopa de 1984, sagrou-se campeã, artilheira e foi eleita a melhor jogadora da competição. A sueca foi facilmente uma das melhores jogadoras do século XX, uma referência em seu país e uma longeva competidora. Encerrou a carreira em 1996, já com a ideia clara de se tornar técnica. Ao todo, foram 144 jogos e 71 gols pela seleção da Suécia.
Treinadora consolidada
A carreira de Pia como treinadora começou muito antes do fim de sua história como jogadora, entre 1992 e 1994, enquanto atuava pelo Hammarby, de Estocolmo, chegou a exercer o cargo de treinadora-jogadora.
No entanto, sua carreira de fato só iniciou em 2003, depois de um pouco mais de seis anos trabalhando como assistente. A primeira oportunidade foi no Boston Breakers, dos EUA. E foi muito bem aproveitada: seu time sagrou-se campeão da WUSA e ela foi eleita a melhor “professora” da temporada. A liga americana infelizmente se desfez e ela voltou para casa para exercer a nova profissão.
Em 2007, foi convidada para assumir os Estados Unidos. O período no comando dos EUA foi simplesmente fantástico, e não só pelos dois ouros olímpicos em cinco anos. Além das conquistas, Pia foi quem iniciou o processo que capacitou a Seleção a capitalizar todo o talento que produz nos clubes e no futebol universitário.
Durante seu tempo à frente da seleção, ela foi nomeada por quatro vezes consecutivas ao prêmio da FIFA de treinadora do ano, entre 2010 e 2013, tendo vencido em 2012.
Seus anos no Brasil
Em seu começo no Brasil, Pia rapidamente agradou a todos, dando chances a novos nomes e buscando se adaptar-se ao cenário brasileiro. Em 2021, Pia Sundhage saiu do universo do esporte e desembarcou no mundo das ilustrações. Mauricio de Sousa transformou a personagem Mônica em Pia, com direito a uniforme esportivo e cabelos brancos. O perfil oficial da personagem criada pelo artista compartilhou nas redes sociais o desenho da treinadora.
Mas com o passar do tempo, a treinadora realizou escolhas que desagradaram parte das pessoas que acompanhavam o futebol feminino. Com um estilo de jogo mais voltado à tática e físico, a treinadora deixou de dar chances a nomes técnicos que brilhavam no cenário nacional da modalidade.
A comentarista da Sportv, Ana Thaís Matos, chegou a afirmar que o maior mérito da treinadora estava no trabalho interno, na estrutura, resgatando a vontade das meninas em estarem na seleção, mas que, em campo, ela decepcionava.
Apesar disso, a técnica da seleção brasileira foi indicada entre as candidatas a melhor treinador de futebol feminino de 2022, pela premiação da Fifa The Best.
Agora, com a Copa do Mundo em andamento, é possível que caso aconteça uma eliminação precoce, a técnica seja desligada, já que conseguiu comandar a seleção durante o ciclo completo, apesar de todos que acompanham a modalidade reconhecerem que o Brasil está longe de ser um dos favoritos ao título.
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