Outras áreas, como educação básica e combate à disparidade de gênero, também sofrem cortes para o orçamento de 2023.
A redução na verba do combate ao câncer de mama foi de 45% (de 175 milhões para 97 milhões), corte que vai atingir diretamente a compra de materiais, ferramentas, reformas de hospitais e ambulatórios públicos. O valor de 78 milhões retirado do programa será usado no orçamento secreto — muito criticado pela oposição, que afirma que essa verba será usada para manter o "centrão", apoiando a reeleição do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
Sendo o câncer a segunda doença que mais mata no Brasil — ficando atrás apenas de doenças cardiovasculares — a medida parece parte de um projeto de desmonte da saúde pública, sobretudo ao direito da mulher. A tesourada no combate ao câncer de mama vem acompanhada também do corte de verbas para a Farmácia Popular, que sofreu perda de 60% no orçamento para compra e distribuição de medicamentos.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), são diagnosticados 66.280 novos casos da doença por ano. A cada 100 mulheres, 61,61 têm risco de ter a doença. O ministério da Saúde afirma que, em 2021, 50 pessoas diagnosticadas com câncer de mama foram a óbito, um total de 18,2 mil vítimas.
"É uma brutal violência à saúde da mulher e muitas vão morrer por falta de acesso à saúde pública" diz a presidente da CNS (Comissão Intersetorial Saúde da mulher do conselho Nacional da Saúde), Helena Piragibe.
O corte se tornou de conhecimento público em setembro, junto aos cortes na educação e no combate à violência contra a mulher.
Como o corte vai afetar o programa
A tesourada na verba para o combate do câncer de mama vai atingir diversas áreas, pois o valor é usado para implementar, aparelhar e expandir os serviços de hospitalares e ambulatoriais. Além disso, é destinada para reformas, aquisição de materiais e equipamentos permanentes para o combate do câncer de mama.
Nas unidades de combate ao câncer, poderão faltar tomógrafos, aparelhos de ressonância magnética, de megavoltagem para raio, macas, cadeiras de rodas, incubadoras, oxímetros, ventiladores pulmonares, desfibriladores e muitos outros.
O corte não afetará apenas o tratamento do câncer de mama, mas também centros de parto normal, maternidades, UTI Neonatais, oficinas ortopédicas, bancos de leite humano e centros de reabilitação. Essa "tesourada" está sendo vista como um ataque pessoal à classe feminina, o que contradiz discursos recentes e eleitorais do atual governo.
Campanha do Outubro Rosa
A campanha de prevenção e combate ao câncer de mama foi originada em 1997, nos Estados Unidos. No Brasil, tem como objetivo conscientizar a população sobre o diagnóstico precoce da doença que, quando descoberta no começo, tem altas chances de cura. O tratamento depende do diagnóstico da doença, quanto mais cedo descoberta, melhor. Ele pode ser tratado por cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, terapia biológica ou hormonioterapia.
Os sintomas do câncer costumam ser visíveis: como um nódulo nos seios (que pode doer ou não), vermelhidão, secreção no mamilo, caroços nas axilas, inchaço nas mamas, pele de aspecto enrugado e dor na mama ou no mamilo. Para se descobrir no começo, é necessário que se faça sempre o exame de toque.
O exame de toque deve ser feito todos os dias! Se identificado qualquer sintoma, o próximo passo é seguir a uma unidade médica do SUS, para que seja realizado os exames laborais, como a mamografia. O medo não pode ser seu inimigo: quando o câncer de mama é tratado no começo, o paciente tem 95% de chance de cura!
O câncer de mama só atinge mulheres?
O câncer de mama vai atingir qualquer pessoa que tenha tecido mamário. Isso não exclui homens ou pessoas trans. Até mesmo pessoas que passaram pela cirurgia de mastectomia (cirurgia de retirada da mama) ainda podem estar sujeitas ao câncer, o que acontece pois muitas vezes restam alguns tecidos mamários. É importante conversar com o cirurgião responsável pelo procedimento.
O câncer de mama atinge uma pequena porcentagem de homens, cerca de 1%, no entanto o auto exame é essencial, para que se obtenha a cura o mais cedo possível.
Famosas que tiveram câncer de mama
São muitas as famosas que tiveram câncer de mama e superaram essa fase delicada.
Ana Furtado recebeu o diagnóstico em 2018, enquanto realizava exames de rotina. Mesmo com a doença, a jornalista continuou trabalhando e hoje está curada do câncer.
Zileide Silva, também jornalista, descobriu o câncer de mama durante a pandemia do covid-19, por ser grupo de risco, precisou ficar afastada do trabalho. Mas hoje está curada, graças ao diagnóstico precoce.
Patrícia Pillar descobriu o câncer de maneira tardia, no final de 2001, mesmo assim o tratamento surtiu efeito e hoje a atriz está curada. Foram necessárias sessões de quimioterapia e radioterapia.
Arlete Salles tinha 72 anos quando soube que estava com câncer de mama. Apesar de sua idade, após a cirurgia e sessões de quimioterapia e radioterapia, Arlete se curou e vive bem.
Miranda McKeon, atriz da personagem Josie Pye de 'Anne With An E', da Netflix, descobriu o câncer de mama ainda muito jovem, aos 20 anos, por se tratar de uma condição rara (já que o câncer de mama costuma atingir mulheres mais velhas) foi amplamente divulgado. Hoje, após a cirurgia e tratamento, a atriz está curada do câncer.
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