Com discursos acalorados da primeira-dama Michelle sobre o trabalho do marido, o presidente da República, para as mulheres brasileiras, resta a pergunta: o que Jair Bolsonaro realmente fez pelas mulheres?
Durante discursos em sua campanha eleitoral, o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) mencionou que realizou 70 projetos em defesa das mulheres, no entanto, seu governo é responsável por apenas 1. Conhecido por suas falas questionáveis, separamos uma lista de feitos do Bolsonaro pelas mulheres brasileiras:
Verba para combate contra a violência à mulher
Em recente discurso para ONU (Organização das Nações Unidas) o presidente Jair Bolsonaro afirmou que seu governo trabalha para que as mulheres sejam fortes e independentes, ele chega a citar o trabalho de sua esposa — a primeira-dama Michelle Bolsonaro — na causa. Em seu discurso, o presidente comenta: "Combatemos a violência contra as mulheres com todo rigor". No entanto, suas ações desmentem seu próprio discurso: o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos reservou o menor valor de verba para o combate à violência contra a mulher para 2022, sendo o menor valor de toda a sua gestão.
O corte dos recursos para o projeto atinge a marca de 94%. No orçamento anterior à gestão de Jair Bolsonaro — comandado, na época, por Dilma Rousseff — o valor investido no combate contra a violência à mulher era de 366,58 milhões, valores decididos para os anos de 2016 até 2019. Já no orçamento enviado pelo atual presidente, Jair Bolsonaro, a proposta da verba é de apenas 22,96 milhões para os anos de 2020 até 2023. Sendo que, para o atual ano de 2022, o presidente propôs apenas 6,3 milhões para o programa. O Congresso Nacional não aceitou esse valor, recusando a proposta feita pelo atual mandatário do Brasil, elevando o valor para 44,3 milhões.
Verba para creches
No Brasil, cerca de 10 milhões de mulheres são as responsáveis por manter o sustento de suas famílias, ou seja, segundo estudo feito pelo Grupo Globo, 48,7% dos lares são chefiados por mulheres.
Sendo elas em grande parte as provedoras de suas casas, também são as responsáveis pelo cuidado de seus filhos, por isso a necessidade de creches e escolas de ensino integral. No entanto, para o ano de 2023, o governo de Bolsonaro prevê apenas 2,5 milhões para o projeto de implementação de escolas de educação infantil, valor 97,5% menor do que o ofertado para o ano de 2022.
Em meio à polêmica dos "banheiros unissex" para crianças — notícia falsa veiculada para afetar a campanha de seu adversário, Lula (PT) — Jair Bolsonaro (PL) reduz 34% da verba para merenda escolar. Essa atitude surpreende seu eleitorado, já que ele afirma defender o direito da família, da mulher e das crianças.
Lei Mariana Ferrer
Vítima de abuso sexual e estupro, Mariana foi extremamente ostilizada durante o julgamento contra o acusado pelos crimes, André de Camargo Aranha. Mariana Ferrer dá seu nome à lei que proíbe que mulheres sejam constrangidas durante audiências e julgamentos.
Apesar do governo Bolsonaro ter sancionado a lei, esse projeto não é de sua autoria, sendo uma proposta da deputada Lídice da Mata (PSB - BA).
Projeto que prevê distribuição gratuita de absorvente a mulheres de baixa renda
O projeto previa a distribuição gratuita de absorvente, e já constava como aprovado no Congresso de maneira simbólica em setembro de 2021. No entanto, em outubro do mesmo ano, o presidente vetou o programa.
O programa foi pensado para solucionar a pobreza menstrual — situação humilhante que não costuma ser vista pela sociedade. As pessoas beneficiadas pelo projeto seriam estudantes de baixa renda matriculadas em escolas da rede pública, mulheres em situação de rua ou vulnerabilidade social extrema, presidiárias e mulheres internadas em unidades para cumprimento de medida socioeducativa.
O projeto seria anexado ao SUS e beneficiaria cerca de 5,6 milhões de mulheres. Mesmo com pesquisas afirmando que 28% das estudantes deixavam de frequentar aulas por não terem condições de comprar absorventes, o chefe do Executivo deu seu veto ao projeto.
No entanto, iniciativas voluntárias para tentar amenizar essa situação foram criadas por todo o país, como o Absorvendo Amor, que você pode conhecer melhor aqui.
Verba para o combate ao câncer de mama
No mês da campanha do Outubro Rosa, o governo atual de Jair Bolsonaro (PL) realizou corte de 45% no orçamento previsto para o combate do câncer de mama para 2023. Com o corte de 78 milhões, o programa passará por sérias dificuldades, sendo que a compra de insumos e a construção de novos hospitais voltados para o câncer foi prejudicada.
A medida foi duramente criticada pela oposição, já que o valor do corte será transferido para o orçamento secreto, que visa conquistar apoio para a campanha do atual governo.
Sendo o câncer de mama a doença que mais mata mulheres no Brasil e no mundo, é de se questionar o discurso de campanha do atual presidente sobre ser o governo que mais fez pelas mulheres. A medida deixa passar a ideia de um ataque ao gênero feminino, o que é bastante falado pelas eleitoras, que compõem 52,64% do eleitorado, segundo dados do TSE.
Confira mais sobre o corte aqui.
Polêmicas
A realidade atual é que para angariar votos, o marketing publicitário da campanha do atual presidente visa conquistar esse eleitorado feminino, visto que soma a maioria dos votos.
Como marketing, a figura da primeira-dama Michelle Bolsonaro e da recém eleita senadora Damares Alves — que recentemente foi acusada de esconder provas sobre pedofilia — estão sendo amplamente utilizadas. A proposta da campanha é passar uma imagem de que o atual presidente está preocupado com a situação da mulher no Brasil e de que ele tem apoio de duas mulheres conservadoras, tradicionais e religiosas.
No entanto, recentemente um vídeo polêmico do presidente circulou pelas redes sociais e foi amplamente divulgado pela campanha do ex-presidente e vencedor do 1º turno das eleições de 2022 Lula (PT). No vídeo, o atual presidente Jair Bolsonaro admite que, enquanto passeava de moto. avistou algumas meninas de 14 e 15 anos de idade e "pintou um clima". O chefe do executivo pede para entrar na casa delas e, em suas falas acredita que o lugar se tratava de uma casa de prostituição. Ele foi muito criticado pois, como adulto e conhecedor de leis, não fez nenhuma denúncia sobre a situação das meninas. Além disso a frase "pintou um clima" carrega conotação romântica/sexual e, mesmo com a primeira-dama afirmando que se trata de uma frase comum e muito usada pelo presidente, muitos internautas notaram que ela nunca foi usada ou falada antes por Jair Bolsonaro em qualquer discurso ou vídeo antes, o que afeta de maneira negativa a "explicação".
Bolsonaro acabou sendo taxado como pedófilo — como afirmado por Simone Tebet em discurso —, já que se tratava de um grupo de menores de idade e o relato piora quando se aprofunda mais na verdade dos fatos: se tratava de uma casa de ajuda social, as meninas em questão eram venezuelanas e estavam ganhando um "dia de beleza".
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