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Cássia Eller: O relicário da Música Popular Brasileira

Uma das maiores representantes do rock brasileiro, Cássia Eller era sinônimo de versatilidade e intensidade.




Nascida em 10 de dezembro de 1962, Cássia Rejane Eller era carioca e filha de Nanci Ribeiro, dona de casa, e Altair Eller, sargento paraquedista do Exército. Como sua vó era devota de Santa Rita de Cássia, padroeira das causas impossíveis, sugeriu este nome para a neta.


O interesse pela música foi despertado cedo: aos 14 anos, ganhou um violão de presente e aprendeu a tocar o instrumento. Logo depois, aprendeu o inglês com as músicas dos Beatles e, quando completou 18 anos, começou a cantar em corais.


Enquanto esperava por uma chance na carreira artística, trabalhou como garçonete, cozinheira, secretária, redatora, tradutora e até como ajudante de pedreiro. Em matéria da Folha de São Paulo no ano de 1999, a cantora contou que assentou tijolos e fez massa.


Quando voltou pra Brasília, substituiu uma amiga como secretária no Ministério da Agricultura. “Fui demitida no terceiro dia. Aí resolvi só cantar”, contou.


Na escola, não chegou a terminar o ensino médio, por causa dos shows que fazia, cada dia num turno diferente, não tinha horário para se dedicar ao estudos.


Em 1981, após participar de um espetáculo com Oswaldo Montenegro, a cantora decolou no mundo musical, sendo caracterizada com influências de Nina Simone, Paul McCartney e John Lennon.


Carreira de sucesso


A cantora teve uma trajetória bastante importante e representativa para a música popular brasileira, embora curta: teve dez álbuns gravados em doze anos de carreira.


Seu primeiro álbum, intitulado "Cássia Eller", foi lançado em 1990.


Em 1997, lançou seu quarto álbum com o nome de “Veneno AntiMonotonia”, como um tributo ao cantor Cazuza, com regravações de canções do cantor.


Por volta dos 4 anos, o filho da cantora disse que a mãe gritava demais e que preferia Marisa Monte. Com isso, Cássia passou a cantar de uma maneira mais calma. “Chicão adorava aquelas músicas e um dia disse para a mãe que achava que ela cantava gritando muito, e que gostava mais da Marisa. Não sei se isso a influenciou ou o fato de que ela teve que ninar o filho e, por isso, cantar de forma mais suave”, contou Eugênia, viúva de Cássia.


Foi então que a cantora lançou o álbum “Com Você... Meu Mundo Ficaria Completo”, em 1999, produzido por Nando Reis. Deste álbum saíram os hits “O Segundo Sol” e “Palavras Ao Vento”, além da faixa “Pedra Giganta”, música cantada por Cássia e sua mãe.


Em 2001, Cássia se apresentou no Palco Mundo do Rock in Rio para cerca de 200 mil pessoas e atendeu a um pedido do filho para incluir a canção “Smells Like Teen Spirit”, da banda Nirvana, no repertório do festival.  Na ocasião, Dave Grohl, ex-baterista do Nirvana e vocalista do Foo Fighters, elogiou a performance da cantora.



A canção “Flor do Sol”, parceria de Cássia com Simone Saback em 1982, foi descoberta apenas em 2012 e lançada no aniversário de 50 anos da cantora, no dia 10 de dezembro. Os produtores mantiveram o violão e a voz da cantora, anteriormente gravados em cassete, mas adicionaram outros instrumentos, entre eles o filho de Cássia (então com 19 anos) tocando o violão da mãe.


Bissexualidade


Cássia e a companheira, Maria Eugênia, com o filho, Francisco.

A cantora era assumidamente bissexual. Teve um único filho, chamado Francisco Ribeiro Eller — o "Chicão" —, fruto do seu relacionamento com Tavinho Fialho, baixista que na época estava em sua banda.


Cássia e sua esposa, Maria Eugênia, ficaram juntas até o fim da vida da cantora. Se conheceram em 1987 e se apaixonaram.


A cantora contou, em entrevista concedida à Marie Claire em outubro de 2001, que gostaria de ter um contrato de casamento legalizado com sua esposa para a garantia de direitos dela e do filho. Caso acontecesse algo com Cássia, sua esposa ficaria responsável pela criação de Francisco, seu filho.


Após a morte de Cássia, Altair Eller, pai da cantora, entrou com o pedido pela guarda de seu neto. Porém, em janeiro de 2002, a Justiça concedeu, pela primeira vez a uma mulher a guarda provisória do filho de sua companheira.


Mais tarde, em outubro de 2002, a tutela foi concedida de forma definitiva pelo Juíz da 2ª Vara de Órfãos e Sucessões, Luiz Felipe Francisco, depois de um acordo entre Eugênia e o pai de Cássia. O avô abriu mão do pedido de tutela depois que Francisco disse que gostaria de ficar com Maria Eugênia, a quem considera mãe.


All Star azul



Em meados dos anos 90, Nando Reis e Cassia Eller se conheceram na casa de Marisa Monte, quando a cantora queria que Nando mostrasse as músicas dele para Cássia gravar.

 

Em 1998, Nando estava no Rio de Janeiro para gravar seu projeto solo na casa do seu baterista da época, Renato Massa, junto com sua percussionista, Lan Lanh, e seu baixista, Fernando Nunes.


Cássia, que era amiga de Lan Lanh e Fernando, estava acompanhando o ensaio e, quando Nando foi escutar a gravação do ensaio, escutou mais um violão além do dele, descobrindo que Cássia estava tocando junto com ele ali, num canto da sala, e que ela tocava inclusive muito bem.


Com isso, os dois começaram uma parceria, e Nando começou a frequentar o apartamento de Cássia, citado na música, no décimo segundo andar do bairro Laranjeiras, onde ficavam conversando.


Cássia convidou o cantor para produzir seu disco “Com Você Meu Mundo Ficaria Completo”, lançado em 1999, que conta com várias composições dele, como “O Segundo Sol” e “As Coisas Tão Mais Lindas”.


Em vídeo, Nando conta que, apesar de visitá-la com frequência em seu apartamento no bairro das Laranjeiras, ele não tinha o endereço correto do local por saber chegar lá de táxi, explicação para "Se o homem já pisou na Lua, como eu ainda não tenho o seu endereço?", trecho da música que compôs para Cássia e foi lançada em 2000.



Depois, em 2001, Nando produziu — junto com Luiz Brasil — o Acústico MTV, disco de maior sucesso de Cássia, e o combinado era que produzisse mais um disco da cantora. Só que Cássia nos deixou inesperadamente, em 29 de dezembro de 2001, aos 39 anos, vítima de um infarto agudo do miocárdio.



O adeus


A cantora foi levada para a clínica Santa Maria, no Rio de Janeiro, após reclamar de enjoos e mal estar e, com isso, acabou sendo internada no Centro de Terapia Intensiva, sem apresentar melhora. Seu quadro se agravou, e a equipe médica precisou tentar maneiras para ressuscitação, que não surtiram efeito.


Cássia Eller teve a morte registrada às 19h05 do dia 29 de dezembro de 2001. Rumores surgiram relacionando seu falecimento ao abuso de drogas.


Na época, Ronaldo Villas, empresário da cantora, negou o uso de drogas e disse à Folha de São Paulo que a parada cardíaca poderia ter relação com o excesso de trabalho. 


A morte da cantora passou a ser investigada pela 10ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro, localizada em Botafogo e, em resultados do laudo toxicológico do Instituto Médico Legal, a causa da morte foi concluída como enfarte agudo do miocárdio.

 

Play: "Cássia Eller", o documentário



Lançado em 2014, o documentário ‘Cássia Eller’, de Paulo Henrique Fontenelle, foi eleito pelo público como melhor documentário brasileiro na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.


Narrado pela atriz Malu Mader, o filme levou cerca de 4 anos para ficar pronto e, em uma hora e 53 minutos, se propõe a mostrar um dos maiores ícones da MPB mais de perto.


O documentário está disponível no Telecine (Globoplay + Telecine).



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