Paquistanesa, Malala sofreu tentativa de assassinato e grande repressão por lutar pelo direito da mulher à educação. Hoje é um símbolo na luta pela igualdade, educação para todos e direitos das mulheres.
Nascida ativista
Malala Yousafzai nasceu em 12 de julho de 1997, no Paquistão, local em que o grupo extremista Talibã proibiu às mulheres o direito à educação.
Malala sempre defendeu que a educação é para todos, e sua família era dona de diversas escolas na região em que cresceu. A futura ativista estudava em uma delas quando o Talibã (movimento fundamentalista islâmico oficialmente considerado terrorista por diversos países, entre eles os Estados Unidos, Rússia, Canadá e União Europeia) proibiu a educação para mulheres.
Muito inteligente, Malala criou o blog "Diário de uma estudante paquistanesa", após ter sido procurada por um jornalista da BBC para falar sobre a proibição de estudar.
Em seu blog, com um pseudônimo, ela denunciava que as mulheres eram impedidas de estudar e falava sobre seu amor pela educação. Quando sua identidade foi relevada, a menina passou a ser conhecida e não demorou a começar a dar entrevistas.
Nós substimamos o nosso poder. E é a primeira coisa que precisamos combater!
Seu senso crítico e desejo de estudar destacaram a menina entre a população de Swat. A corajosa Malala, que enfrentava o sistema do Talibã para estudar, mesmo que escondida, mexia com o imaginário. Ela passou a ser conhecida como inimiga do Islã pelo grupo extremista.
Seu ativismo encontrou muito apoio em seu pai, Ziauddin Yousafzai, que sempre acreditou que meninos e meninas mereciam o direito ao estudo sem distinção de gênero. Em uma palestra, o pai de Malala afirmou que ensinou às alunas a desaprenderem a obrigação de obediência, assim como ensinou para os alunos que o conceito de dominar uma pessoa por honra era errado.
Orgulhoso da filha, Ziauddin diz que o que fez foi deixar que a filha vivesse, sem cortar suas asas. Um pensamento bem progressivo para vila de Swat dominada pelo extremismo.
Quando o grupo Talibã perdeu o controle do vale Swat, passou a ameaçar a estudante. Usaram de recursos religiosos para justificar que Malala era inimiga do Islã e, por isso, precisava ser parada.
Atentado aos 15
Aos 15 anos, no mês de outubro de 2012, Malala foi baleada ao sair da escola. Uma das balas atingiu sua testa, deixando a menina em estado grave.
A adolescente se tornou refugiada no Reino Unido, onde foi submetida a uma delicada cirurgia para salvar sua vida.
A violência contra a vida da adolescente gerou diversos movimentos pelo direito da educação para meninas, que ganharam apoiadores internacionais.
O grupo fundamentalista chegou a se pronunciar, afirmando que o atentado contra a jovem aconteceu porque enxergavam que as ações dela iam contra os fundamentos do Islã, não para o direito da educação. Essa afirmação se contradiz com as ações do próprio grupo, que segue queimando escolas e proibindo mulheres de estudarem ou trabalharem.
A importância de Malala foi — e é — tão grande que, graças aos movimentos e petições, foi criada a primeira lei de direito à educação no Paquistão.
Segundo dados da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a educação, Ciência e Cultura), no Paquistão, as meninas representam 56% das crianças fora da escola. Com isso, existem cerca de 6,7 milhões de mulheres na faixa dos 15 a 24 anos analfabetas.
A ativista é um dos principais símbolos do direito à educação, tendo, em 2013, a discursado na Sede da Organização das Nações Unidas, apelando para o direito universal à educação.
Nós reconhecemos a importância da nossa voz quando somos silenciada.
Ganhadora do Nobel da Paz
Malala luta contra a repressão de crianças e jovens, sempre afirmando o direito de todos à educação. Ela ganhou o Nobel da paz com apenas 17 anos, sendo a pessoa mais jovem a receber o prêmio.
A jovem é a responsável pela criação da Fundação Malala, que tem como objetivo apoiar o estudo de meninas pelo mundo.
Em 2020, aos 22 anos, ela se formou em Filosofia Política e Econômica pela Universidade de Oxford.
A educação pode realmente transformar a vida de um indivíduo.
Obras
A história da estudante ganhou força e voz pelo mundo e, para quem busca conhecer mais da história da paquistanesa, foram escritos diversos livros, são eles:
Eu sou Malala: a história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã.
Malala, a menina que queria ir para a escola.
Livre para voar: a jornada de um pai e a luta pela igualdade.
Longe de casa: minha jornada e histórias de refugiados pelo mundo.
Malala e seu lápis mágico.
Malala: pelo direito das meninas à educação.
Malala/Iqbal: Uma menina muito corajosa/um menino muito corajoso.
Todo dia é Dia de Malala.
Malala luta todos os dias pelo direito de todas as crianças e jovens, meninos e meninas, de terem uma educação digna.
Em 2018, ela retornou a sua cidade natal, no Paquistão, para uma visita de quatro dias. Entre suas falas, afirmou que, por ela, jamais teria saído de seu país.
Eu levanto minha voz não para que eu possa gritar, mas, para que aqueles sem voz possam ser ouvidos.
Recentemente, com a tomada de poder do Talibã no Afeganistão, Malala se mostrou extremamente preocupada, chegando a declarar que estava em absoluto choque.
A repercussão da situação do Afeganistão foi grande e intensa, com muitas pessoas tentando fugir do país e mulheres desesperadas. Muitos foram os relatos nas redes sociais de mulheres que deixaram os trabalhos e rasgaram os diplomas, meninas que deixaram as escolas e pessoas LGBTQIA+ que fugiram do país. Até o momento, o Talibã ainda ocupa o Afeganistão.
Mulher, estudante e ativista, Malala é, hoje, um dos maiores símbolos da luta pelo direito à educação das mulheres.
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