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  • Foto do escritorHellen Caldas

Poliomielite e a importância da vacinação infantil

Doença vista pela última vez no Brasil nos anos 90 corre risco de voltar devido à queda na vacinação.


Créditos de imagem: Iniciativa Global de Erradicação da Pólio


A poliomielite, também conhecida como "paralisia infantil", é uma doença contagiosa causada por um vírus que, em casos graves, leva à paralisia dos membros inferiores, ou até a morte. Sua transmissão ocorre através do contato com fezes ou secreções orais de pessoas contaminadas. Pode atingir adultos não imunizados, mas ocorre com maior frequência em crianças.


Sintomas e sequelas


Créditos de imagem: Public Health Image Library (PHIL)

Os sintomas mais frequentes de poliomielite incluem febre, mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta e no corpo, diarreia, vômitos, rigidez de nuca, entre outros. Na forma paralítica, ocorre a instalação súbita de deficiência motora com febre, assimetria acometendo os músculos de membros inferiores e diminuição de reflexos profundos. Não existe tratamento específico, apenas o tratamento dos sintomas.


Duas meninas dentro de máquinas de pulmões de aço durante o tratamento da poliomielite. A família as observa pela janela. | Créditos de imagem: Bettmann

As sequelas deixadas pela doença estão relacionadas com a infecção da medula e cérebro e, normalmente, não têm cura. As principais sequelas são problemas e dores nas articulações, pé equino (a pessoa não encosta o calcanhar no chão, impossibilitando-a de andar), crescimento diferente das pernas, osteoporose, paralisia de uma ou ambas as pernas, paralisia dos músculos da fala e deglutição, dificuldade de falar e atrofia muscular. As sequelas são tratadas por fisioterapia e medicamentos, a fim de melhorar a qualidade de vida do paciente.


Após a intensificação das campanhas de vacinação no Brasil, não há casos registrados de poliomielite, no país, desde 1990. A erradicação da doença, na década de 90, se deu através da vacina oral contra a polio (VOP) realizada em massa na população. Esta vacinação proporcionou a imunidade individual e a imunidade de grupo dos brasileiros.


Mesmo sendo uma doença erradicada no Brasil, países como Paquistão, Nigéria e Afeganistão ainda possuem o poliovírus circulante, sendo consideradas regiões endêmicas.


Nos últimos anos, a taxa de vacinação infantil diminuiu drasticamente, no país. Seja por falta de infraestrutura em algumas regiões, por desatenção dos responsáveis ou discursos anti-vacinas — que têm aumentado relativamente. O maior problema disso tudo é que, com o fato de as pessoas estarem, cada vez mais, viajando para outros países, possa haver a importação de casos positivos da doença para o nosso país e, com a diminuição da vacinação, a poliomielite volte a ser uma doença circulante no Brasil (mesmo erradicada há mais de 30 anos).


Além da queda drástica na vacinação, o Brasil não vigia a circulação do vírus no ambiente — medida que identificou o vírus após anos nos Estados Unidos e em Israel — e não investiga adequadamente os casos de paralisia infantil.


Queda na cobertura vacinal


Segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), a última vez em que as doses previstas para a vacina inativada contra a poliomielite (as administradas em bebês com menos de 1 ano de idade) atingiram a meta foi em 2015, quando a cobertura chegou a 98,29%.


Em 2019, caiu para 84,19%. Em 2020, majoritariamente devido à pandemia de Covid-19, o índice chegou a 76,15% dos bebês imunizados. Em 2021, o porcentual ficou abaixo de 70% pela primeira vez, com 69,9%. Resumidamente, a cada 10 crianças, 3 não estão plenamente protegidas contra o poliovírus.


Campanha de vacinação em 2022


Créditos de imagem: Marcos Lopes/MG

Este ano, campanha começou em 8 de agosto e terminaria em 9 de setembro. No entanto, como a cobertura vacinal estava extremamente baixa (por volta dos 30%), o prazo foi prorrogado até o final do mês.


Segundo o Ministério da Saúde, o esforço atingiu, até agora, somente pouco mais da metade da meta estabelecida contra a Poliomielite: apenas 6.017.176 doses foram distribuídas — o que representa 52% do público-alvo de quase 12 milhões de crianças. O objetivo era imunizar pelo menos 95% da população infantil menor de 5 anos.


Nenhuma unidade federativa do Brasil alcançou a meta de 95% da cobertura vacinal. Os estados com as maiores coberturas são Paraíba (81,2%), Amapá (74,6%) e Alagoas (72,4%).


O alerta reacendeu neste momento graças ao reconhecimento, em julho deste ano, de uma contaminação por poliomielite depois de 29 anos nos Estados Unidos. O caso foi identificado no Condado de Rockland, em Nova York. Também em 2022, Moçambique (em maio) e Malauí (em fevereiro) registraram pacientes diagnosticados com o vírus.


A baixa adesão vacinal no país fez com que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) alertasse sobre a importância e o benefício da vacinação, para evitar a reintrodução do vírus da poliomielite no Brasil. Atualmente, menos de 70% das crianças até um ano estão com a vacinação de rotina em dia.


A campanha segue até dia 30 de setembro.


Alerta


Deivson Rodrigues, de 34 anos, foi o último brasileiro a ter poliomielite: durante 6 meses, só conseguia mover os olhos.

O paraibano se recuperou da doença e, hoje, pai de um menino de quase 2 anos, faz alerta a pais: “É importantíssimo vacinar para evitar que o vírus volte”.


Deivson e a família. | Créditos de imagem: arquivo pessoal.

Em entrevista ao g1, ele acrescenta: “Digo também aos pais que levem seus filhos à vacinação, que não deixem de vacinar”.


“Quem ama, cuida e vacinas salvam vidas"

— Deivson Rodrigues, último brasileiro a ter poliomielite, sobre vacinação.



Prevenção


Créditos de imagem: Javed Tanveer/ AFP

A única forma de prevenção da doença é através da vacinação. Por isso, crianças menores de cinco anos devem ser vacinadas, conforme campanhas nacionais e esquema de rotina individual.


Desde 2016, seguindo as recomendações da OMS, o esquema de vacinação contra poliomielite inclui três doses de vacina injetável (VIP), com 2, 4 e 6 meses, e duas doses de reforço com a vacina oral (VOP).




A vacinação é a única forma de proteger as crianças e garantir que a poliomielite continue erradicada no Brasil! Vacinem seus filhos!

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