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Foto do escritorVitor Manso

Tribos Urbanas: Comunidades que expressam identidade e coletividade

Grupos se unem a partir de ideias, valores e até estéticas em comum no que são as "tribos urbanas".



O conceito de tribos urbanas, criado pelo sociólogo francês Michel Maffesoli, tem se consolidado como uma forma de compreender os agrupamentos de pessoas com interesses e características em comum nas grandes cidades. De acordo com sua teoria, as tribos urbanas surgem como resultado do compartilhamento de hábitos, ideias, gostos musicais e formas de se vestir, unindo indivíduos em uma identidade coletiva.


As tribos urbanas se formam em espaços urbanos, principalmente devido ao acesso aos meios de comunicação e ao contato com diferentes culturas, o que é comum nas metrópoles. Diversas tribos têm surgido ao longo do tempo, cada uma com sua estética própria, características e valores.


Grupos como funkeiros, punks, otakus, emos, geeks e outros são exemplos de tribos urbanas que ganharam espaço ao longo das décadas. No entanto, nem sempre esses movimentos foram compreendidos e aceitos pela sociedade.


Os estudos sobre as tribos urbanas ganharam força na segunda metade do século XX, mas a mídia muitas vezes as reduziu a rótulos preconceituosos, caracterizando-as como estranhas ou exóticas. O que a mídia negligenciou é que essas tribos são formadas por pequenas comunidades com fortes laços afetivos, proporcionando um senso de pertencimento para os indivíduos que delas fazem parte.


A busca pelo pertencimento é um dos principais aspectos que impulsionam as pessoas a se juntarem a uma tribo urbana, especialmente entre os mais jovens, que buscam evitar o isolamento social. Além disso, a coletividade é uma característica marcante desses grupos, que tendem a pensar no bem-estar da comunidade como um todo.


As tribos urbanas também se destacam por suas estéticas únicas, frequentemente identificáveis por meio das vestimentas e acessórios que utilizam. Esse aspecto visual é marcante em tribos como os punks, motoqueiros, hippies e outros.


Apesar das semelhanças entre os membros de uma tribo, a diversidade é uma característica respeitada dentro desses grupos, permitindo que cada indivíduo expresse sua identidade de forma única e genuína.


Entretanto, mesmo com seus benefícios, as tribos urbanas enfrentam o desafio do preconceito social. Desde sua origem, muitos grupos tiveram que lidar com estereótipos negativos e incompreensões. Um exemplo é o preconceito enfrentado pelos funkeiros, que muitas vezes são alvo de olhares discriminatórios por serem oriundos das favelas do Brasil.


Outro problema que algumas tribos enfrentam é a visão de superioridade em relação aos que não fazem parte do grupo. Essa atitude pode levar a confrontos e até mesmo violência entre tribos rivais ou contra aqueles que são considerados "diferentes".


Nos últimos anos, o crescimento das redes sociais e plataformas digitais, como o Instagram e o TikTok, tem desempenhado um papel crucial na visibilidade e no fortalecimento dessas tribos urbanas. Essas plataformas oferecem um espaço para que os membros desses grupos possam compartilhar suas paixões, estilos de vida e criações artísticas, permitindo que se conectem com outros indivíduos que compartilham dos mesmos interesses, independentemente de sua localização geográfica.


Malu Borges é referência como it-girl, com seu estilo "patricinha" e visuais extravagantes compostos por peças de grife que chegam a custar algumas dezenas de milhares de reais.


O Instagram tem sido uma ferramenta poderosa para as tribos urbanas exibirem seus estilos únicos de moda e beleza, criando comunidades de seguidores que se identificam com suas escolhas estéticas. Por meio de hashtags e contas temáticas, esses grupos podem se tornar conhecidos para um público maior e alcançar pessoas que, de outra forma, não teriam conhecimento de suas existências.


Já o TikTok, com seu formato de vídeos curtos e viralidade, tem impulsionado o alcance dessas tribos urbanas de maneira impressionante. Os desafios de dança, os tutoriais de moda e as manifestações artísticas únicas desses grupos podem ganhar enorme popularidade em questão de dias, atraindo seguidores e até mesmo influenciando tendências culturais mais amplas.


A influenciadora Yuki, exemplo do estilo e-girl, que se popularizou no Tumblr, mas explodiu no TikTok.


A visibilidade proporcionada pelas plataformas digitais também é uma oportunidade para combater estereótipos e preconceitos em relação a essas tribos urbanas. Quando o público em geral tem a chance de entender melhor suas motivações, valores e paixões através de conteúdo autêntico e não estereotipado, as percepções negativas podem ser substituídas por empatia e compreensão.


Entretanto, é importante mencionar que, apesar dos benefícios, o uso das redes sociais também pode trazer desafios para as tribos urbanas. A pressão por popularidade, a necessidade de manter a imagem perante os seguidores e a competitividade podem gerar uma dinâmica complexa nesses grupos, afetando sua autenticidade e individualidade.


Em suma, as tribos urbanas representam uma forma de identificação e pertencimento para muitas pessoas nas cidades, proporcionando um senso de comunidade e apoio mútuo. Porém, é necessário combater o preconceito e a intolerância, buscando a compreensão e o respeito pelas diversidades presentes na sociedade moderna. O verdadeiro entendimento das tribos urbanas requer um olhar além dos estereótipos e uma abertura para a compreensão das particularidades de cada grupo, valorizando a riqueza cultural que eles trazem à sociedade.

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