Mulheres e crianças emergem como os segmentos mais vulneráveis da população, enfrentando uma crescente epidemia de sequestros e uma escalada preocupante nos casos de desnutrição infantil.
Nos primeiros seis meses deste ano, o Haiti testemunhou um aumento drástico nos casos de sequestro, perpetrados por facções criminosas. Aproximadamente 300 mulheres e crianças foram vítimas dessa prática criminosa, indicando um cenário alarmante que espelha os registros de todo o ano de 2022, e supera três vezes os números de 2021.
De acordo com o Unicef, Fundo das Nações Unidas para a Infância, o número de casos relatados somente até o início do mês de agosto já era próximo do total registrado no ano passado. Representantes afirmam que as necessidades atuais são maiores que as de 2010, quando o país foi atingido por um terremoto.
O Fundo ressaltou as profundas cicatrizes físicas e psicológicas que esses sequestros deixam em suas vítimas.
A situação no Haiti é descrita pelo Unicef como catastrófica, com quase metade da população — cerca de 5,2 milhões de pessoas — necessitando de ajuda humanitária. No entanto, a escalada da violência, saques indiscriminados, bloqueios de estradas e a disseminação de grupos armados dificultam severamente os esforços para proporcionar assistência às comunidades afetadas.
Aumento alarmante de desnutrição infantil
Paralelamente à onda de sequestros, o Haiti enfrenta uma crise de desnutrição infantil em crescimento. Estatísticas revelam que, em apenas um ano, as atividades de grupos armados resultaram em um aumento de 30% nos casos de desnutrição aguda grave entre crianças. A desnutrição crônica também atinge níveis preocupantes, afetando quase um quarto das crianças haitianas. Projeções alarmantes sugerem que mais de 115.600 crianças enfrentarão a forma mais letal de desnutrição ao longo deste ano.
Aqueles que apresentam casos menos severos de desnutrição podem retornar para casa após receberem apoio nutricional e passarem por avaliações médicas. Contudo, os casos mais graves demandam hospitalização, evidenciando a grave escassez de recursos médicos e nutricionais no país.
O sistema de saúde haitiano está à beira do colapso, escolas se tornaram alvos frequentes e civis vivem sob a ameaça constante do terror. A presença de grupos armados e a instabilidade política têm minado de maneira significativa os esforços de ajuda humanitária e a recuperação do país.
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